Os empreendedores solidários do Espírito Santo têm bons motivos para festejar neste fim de ano. Além das confraternizações com a chegada do Natal e do Ano Novo, foi assinado, na quinta-feira, 15/12, o convênio para o reinício do serviço da reforma e adequação física do prédio do Centro Público Metropolitano de Economia solidária e do Artesanato Capixaba, localizado ao lado da Fabrica de Trabalho em Jucutuguara, Vitória/ES. Os recursos no valor de R$ 533.204,86, serão transferidos pelo Governo do Estado para a Prefeitura de Vitória, para a conclusão das obras que já foram iniciadas.
A assinatura do convênio aconteceu no dia em que os empreendedores solidários de todo o país comemoravam o Dia Nacional da Economia Solidária. Na ocasião também foi lançado oficialmente o Creditar – programa de Microcrédito do Governo, através do BANDES e do BANESTES, em parceria com os Bancos Comunitários de Desenvolvimento que atende ao público da Economia Solidária.
Os números indicam que a Economia Solidária abriga cerca de 700 empreendimentos em todo o estado do Espírito Santo, organizados em grupos produtivos, rurais ou urbano, dando emprego e gerando renda para mais de 60 mil pessoas. São números expressivos e de elevada importância socioeconômica para o estado.
Para a diretora/presidente do Ateliê de Ideias, Leonora Mol os empreendedores solidários do Espírito Santo têm vários motivos para comemorar, mas ela ressalta dois motivos essenciais: O primeiro é o Centro Publico Estadual de Economia Solidária, que funciona no Mercado São Sebastião. Um projeto apoiado pelo Governo Federal que hoje conta com um conselho gestor que é representado por empreendedores da Economia Solidária, por entidades de assessoria e fomento, e pelo governo do estado e prefeituras municipais.
“O Centro Público é um espaço onde os empreendimentos podem ter formação técnica, podem divulgar e comercializar seus produtos. Esse é um momento especial para questão da comercialização e da luta dos empreendimentos pelo seu espaço, onde possam mostrar seus produtos”, disse.
O segundo ponto é a implantação dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento com a possibilidades de iniciativas de finanças solidárias, que caminham rumo ao desenvolvimento local. “Hoje no Espírito Santo já temos quatro bancos comunitários formados (Banco Bem, Terra, Sol e Verde Vida) e três bancos se iniciando (Puan, Abraço e Esperança). Esses sete bancos hoje compõem uma rede capixaba de bancos comunitários que é de extrema importância para o nosso trabalho junto à comunidade, tanto para as finanças solidárias, quanto para nossas estratégias de desenvolvimento local”, explicou Leonora.
Para o Diretor/presidente da Agência de Desenvolvimento em Redes do Espírito santo (Aderes), Pedro Rig, todas as ações da Economia Solidária fazem parte da estratégia de desenvolvimento do governo do estado. “Não é simplesmente uma política de assistência, mas uma política de geração de negócio e de promoção do desenvolvimento. Com isso, o Programa Incluir, do Governo do estado, tem como um dos pilares a inclusão produtiva, e os grupos da Economia Solidária fazem parte de pilar, como instrumento de inclusão das pessoas, onde a gente possa de fato dar oportunidades a todos os capixabas”, destacou.
O Convênio para o reinício do serviço da reforma e adequação física do prédio do Centro Público Metropolitano de Economia solidária e do Artesanato Capixaba foi assinado pelo Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, pelo prefeito de Vitória, João Coser, pelo diretor/presidente da Aderes, Pedro Rigo, e por Leonora Mol, representante do Fórum Estadual de Economia Solidária.
A cerimônia aconteceu no Palácio Anchieta, sede do Governo local, e contou com a presença de representantes de empreendimentos solidários de todo o estado e de autoridades governamentais.
Mensagem do Professor Antônio Vidal - Fórum Estadual de Economia Solidária
“A economia solidária é o nome dado a uma iniciativa popular que busca de forma criativa novos caminho para garantir a sobrevivência e a manutenção da dignidade de inúmeros trabalhadores e trabalhadoras. Ela representa um sinal de esperança num contexto de globalização e de massacre dos empobrecidos. Baseada no principio da solidariedade e da auto-gestão, emerge em todo o Brasil, essa nova prática, não só econômica, mas de construção de uma nova sociedade. O nosso estado não ficou fora desse processo, foi um dos primeiros a se empenhar nesse sonho.
Hoje com todos os limites e com todas as dificuldades enfrentadas, o Espírito Santo é uma referência em vários aspectos de organização da Economia Solidária para o nosso país. Hoje os empreendimentos cresceram, novas entidades de fomentos surgiram, os poderes públicos municipal e estadual apoiam essa experiência. Não podemos esquecer também a contribuição do Fórum Estadual de Economia Solidária, que com apoio de algumas entidades de trabalhadores e trabalhadoras, articulados com a causa, mantiveram os empreendimentos articulados entre si.
No momento o Fórum Estadual de Economia Solidária está em processo de redefinição, reconfiguração, em função de melhor atender as demandas colocadas no presente. A regionalização e o fortalecimento dos empreendimentos buscam aprimorar as formas de uma maior participação e democratização das decisões de todos (as) trabalhadores da Economia Solidária.
É preciso que os gestores públicos assumam sua responsabilidade através de políticas públicas que possam favorecer o avanço da vida dos trabalhadores (as) em nossa estado. Política publica não paternalista, não clientelista e diferentes das que vêm sendo executadas historicamente pelos gestores públicos de nosso estado. Acreditamos que é possível a execução de políticas públicas que possibilitem a emancipação, o exercício da criatividade, o respeito às diversidades, aos empreendedores solidários.
Nesse sentido é necessário e urgente regulamentar a Lei. 8.256 de 2006; fortalecer e reconhecer o Conselho Estadual de Economia Solidária, como espaço de construção e deliberação das Políticas Públicas de Economia Solidária; criar um plano estadual de economia de acordo com as deliberações da 1º e 2º Conferência Nacional de Economia Solidária, que defina Economia Solidária como estratégia de desenvolvimento; articular a Política Pública de Economia Solidária com as demais políticas públicas; destinar um percentual de 0,5% do orçamento do estado para ações e projetos da Economia Solidária; criar programas de assessoria técnica nas suas várias especialidades para que os empreendimentos possam crescer e se fortalecer; legalizar o Dia Estadual da Economia Solidária.
Nós do Fórum Estadual de Economia Solidária acreditamos que somente com diálogo, com respeito, com empenho das autoridades públicas naquilo que é de sua competência, com base na identificação de um mesmo ideal que nos una, que nos faça sonhar com uma nova sociedade, mais democrática e participativa, é que poderemos avançar de forma qualitativa em relação à caminhada que a economia solidária fez até o presente momento”.
Para ver mais fotos da cerimônia de Comemoração do Dia Nacional da Economia Solidária e Assinatura do Convenio de reforma do Centro Publico Metropolitano de Economia Solidária, acesse a página do Centro Publico de Economia Solidária do Espírito Santo no Facebook.
Nenhum comentário:
Postar um comentário