Risos, olhos curiosos e cheios de
atenção, emoção ao pegar uma semente e plantar uma muda com as próprias mãos. Sentimentos
assim, de crianças e adultos, marcaram as atividades de revitalização do Oasis
de São Benedito, nos dias 11 e 12 de outubro. Em plena semana das crianças, tudo foi planejado
para envolver os pequenos e suas famílias e despertar neles o desejo de cuidar
e preservar o local, que vem se firmando como espaço público de lazer e cultura na comunidade.
Brincadeiras, danças, gincanas,
muita música, oficinas de compostagem e cultivo de jardim e horta comunitária,
além da apresentação do projeto, marcaram os dois dias de atividades de
revitalização do espaço. A comunidade, e principalmente a criançada, aprovou a
iniciativa e também participou da programação preparada especialmente para elas.
O espaço recebeu pavimentação,
novo mobiliário a base de paletes produzidos em oficinas de marcenaria e
paisagismo realizadas na própria comunidade.
A horta comunitária também foi refeita, assim como o sistema de captação
da água da chuva. Os moradores
participaram em atividades de educação ambiental e práticas sustentáveis, aprendendo
a preservar e cuidar do seu patrimônio.
Se o público alvo era a
criançada, o objetivo foi alcançado. Além da plena participação os pequenos se
comprometeram a cuidar do Oasis. Kauã
Marciano Moura, de 11 anos, disse durante o plantio de mudas na horta
comunitária: “As plantas têm vida e temos que preservar o meio ambiente para
continuarmos vivos. Moro aqui pertinho e vou vir jogar água na horta”. Lavínia
de Souza, de 9 anos, completou: “Vou pegar o regador da minha irmã para molhar
as plantinhas”.
Oasis
Em 2015 o Oasis de São Benedito
não passava de um terreno baldio onde se depositava muito lixo. Por iniciativa dos moradores e apoio de
organizações locais, o espaço passou por um processo de humanização e desde então
vem sendo utilizado pela comunidade.
A iniciativa contou com a
aprovação dos moradores. Elizangela Caetano, comerciante e moradora da
comunidade há 39 anos, destacou que o espaço é muito importante principalmente
como área de lazer. “Nossa comunidade tem muitas crianças e esse projeto
incentiva elas a saírem da rua”.
Para Valmir Dantas, morador e
coordenador do Fórum Bem Maior, o Oasis se constitui como única alternativa de
lazer do bairro. “A comunidade precisa muito desse espaço, por isso estamos
lutando para sua humanização. E ele chega com toda uma preocupação ambiental,
de sustentabilidade, de educação patrimonial, isso é uma grande conquista para
todos nós”, afirmou.
Projeto
Além da reforma do Oasis, o
projeto que teve início em julho deste
ano, realizou uma série de oficinas com temas ambientais e de sustentabilidade,
principalmente para crianças e jovens atendidos pelo Secri (Serviço de
Engajamento Comunitário) e seus familiares. O educador do Secri, Everton da
Conceição Oliveira destaca que as
crianças se encantaram principalmente com a oficina sobre compostagem de
resíduos domésticos.
“Eles ficaram encantados com as
orientações e por perceberem como a natureza age no nosso meio. Alguns nunca
tinham pegado uma minhoca na mão e isso deixou muitos deles eufóricos”. Everton
destaca que os alunos vão levar os conhecimentos adquiridos para casa e
partilhar com a família. “Houve um despertar para o assunto, agora é preciso
continuidade para que a prática se consolide”, afirmou Everton.
Parcerias
O projeto de revitalização do Espaço
Oasis São Benedito foi executado pela Associação Ateliê de Ideias, os Projetos Palete Parque –Urbanismo e
Arquitetura e Zona Verde Consumo Consciente, em parceria com organizações da
comunidade como o Fórum Bem Maior, o Secri e outras. A animação do evento foi
feita pela agência A Mala Produções Artísticas. Os recursos, um total de R$ 20 mil, foram
conquistados no Edital de Educação
Patrimonial do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), da Secretaria Estadual
de Cultura (Secult-ES).
O arquiteto Ivan Rocha, do Palete
Parque, e um dos coordenadores do Projeto, avaliou como muito positiva a
experiência em São Benedito, principalmente
com o envolvimento de pais e filhos no
processo e a destinação social para um terreno que estava ocioso e mal
utilizado. “É muito gratificante ver principalmente as crianças se apropriarem
do espaço, cativadas para cuidar do seu patrimônio, a ponto de a comunidade
desejar a sua continuidade”, afirmou.
A Zona Verde, uma empresa que
atua na defesa da produção agroecológica e do consumo consciente, atuou no
projeto com oficinas sobre tintas vegetais, produzidas a partir dos próprios
alimentos, a produção de vasos auto irrigáveis com garrafas pets e compostagem doméstica. Rian Melo Soares, um
dos proprietários da empresa, destaca que a experiência de trabalhar
diretamente com crianças foi valiosa. “É o primeiro projeto de educação
ambiental que trabalhamos diretamente com crianças e foi uma vitória para todos
nós”, afirmou.
Reportagem: Marina Filetti
Fotos: Marly Rodrigues
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