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domingo, 17 de abril de 2011

Debate CBN: Ateliê faz propostas para melhoria da Educação e Qualidade de Vida dos capixabas


Educação é a base do desenvolvimento humano. É o processo gerador de capacidades fundamentais para que pessoas, famílias e comunidades possam ter acesso a tudo aquilo que avaliam como importantes ao seu desenvolvimento. A educação é uma condição anterior a todas as demais, como trabalho e renda.

Sob essa perspectiva a nossa diretora/presidente, Leonora Mol, participou nesta quarta-feira (13), do debate sobre Educação e Qualidade de Vida, promovido pela Rádio CBN Vitória em comemoração aos 15 anos da emissora. Clique aqui e assista.

De acordo com nossa diretora/presidente, um dos grandes desafios para o desenvolvimento é tratar a educação em sua plenitude. Não como um processo baseado apenas em uma relação de ensino e aprendizado, mas em uma relação de descoberta e compreensão do mundo, de desenvolvimento de capacidades que irão impactar todas as dimensões da vida.

“As pessoas precisam olhar para o seu entorno com uma perspectiva crítica e propositiva, percebendo as oportunidades que ali existem e entendendo como podem aproveitar o que está disponível como ferramentas para que, enquanto comunidades, consigam alcançar o que desejam para si e para todos. Assim surgem conceitos, mudanças de comportamento e de cultura que implicarão, em maior prazo, na construção de uma sociedade mais produtiva, mais justa e mais sustentável. Qualidade de vida não apenas para cada um, mas para todos”, destacou.

A educação na vivencia das ações do Ateliê de Ideias

Os primeiros passos da atuação do Ateliê de Idéias no Território do Bem foram justamente ligados a um processo educativo. Não só de ensinar, mas de construir junto com os atores locais. De propor os pontos de reflexão, pensar junto com os moradores do território e criar estruturas comunitárias que possam ser, com a capacitação desses atores, apropriadas por eles. E é nesse sentido que o Ateliê de Ideias é uma agência de desenvolvimento local – ao levar as comunidades a um processo educativo, de construção coletiva de capacidades e competências para que possam se desenvolver de acordo com suas condições e seus critérios, atendendo aquilo que eles mesmos avaliam como relevante para a melhoria de sua condição de vida. Isso ocorre na medida em que é mostrado às comunidades que desenvolvimento democrático é, antes de tudo, uma questão de opções – de entender a si mesmo e o contexto em que se está inserido, perceber as oportunidades e os desafios, e passar à ação, para atingir os objetivos definidos.

“O Ateliê de Ideias trabalhou junto com os moradores do Território do Bem, nos últimos seis anos, numa perspectiva de desenvolvimento local endógeno e sustentável, de identificação e compreensão do que o território tem de vocação e potencial e também quais são seus pontos críticos e suas limitações; de olhar para fora e reconhecer as oportunidades e os desafios. No entanto, o mais importante foi o processo formativo. Toda a estratégia foi desenvolvida juntamente com os atores locais, estágio por estágio, respeitando o ritmo necessário para que a comunidade se apropriasse de cada conhecimento e aprendesse como utilizá-lo da melhor forma, segundo suas vontades e planos. Foram diversas as atividades de formação, em que os moradores participaram ativamente, produzindo ferramentas para facilitar a organização comunitária, aprimorar a governança local e promover o diálogo propositivo para elaboração de políticas públicas participativas”, contou Leonora.

Na área de organização da economia local, a nossa diretora/presidente enfatizou que o Ateliê de Ideias trabalha na perspectiva da economia solidária. “Em parceria com a comunidade, a partir de um processo marcado pela proximidade e pelo compartilhamento de experiências, foi criado, em 2005, o Banco Bem – um banco comunitário de desenvolvimento. Embora o Ateliê de Ideias ainda seja quem administra o Banco Bem, desde o início houve uma grande atenção aos processos formativos, para que os moradores, organizados, assumissem sua governança”, destacou.

Propostas do Ateliê para desenvolvimento social e econômico sustentável no Espírito Santo

Para o Ateliê é importante que sejam desenhados projetos de desenvolvimento local para as comunidades que considerem as especificidades de seus contextos, que promovam o autoconhecimento e a formação continuada dos atores locais para que se criem e se fortaleçam instâncias organizativas de governança coletiva. Que se formem parcerias entre as comunidades, governos e investidores sociais privados para que pensem e planejem o desenvolvimento desses territórios de modo participativo. E, por fim, que haja programas e investimentos de formação dos atores locais para exercício pró-ativo cidadania e para participação qualificada nos processos decisórios em nível local (governança).

“O governo local precisa cada vez mais entender as comunidades como parceiras, não apenas nos processos de execução das políticas e dos programas, mas principalmente no planejamento. O desenvolvimento das comunidades tende a ser sustentável na medida em que os atores locais são preparados para participar e são ouvidos em todas as etapas. Processos participativos de gestão do desenvolvimento tendem a ser muito mais sustentáveis e sólidos que processos impositivos e verticalizados”, avaliou nossa diretora/presidente.

Segundo Leonora, é necessário que haja uma mudança na perspectiva avaliativa dos governos em relação ao sucesso das políticas de desenvolvimento. Os indicadores utilizados para avaliar se os programas estão sendo eficazes ou não muitas vezes trabalham com conceitos pouco dinâmicos e muito mais relacionados aos objetivos e interesses dos planejadores do que das comunidades e de seus atores. “Os resultados dos processos formativos em si precisam ser tratados como conquistas e avaliados como impactos sociais relevantes pelos governos locais, para suas políticas públicas. Do mesmo modo o capital social formado precisa ser avaliado e estudado, por representar grande ativo comunitário para todas as demais frentes de trabalho em maior prazo” ressaltou.

Propostas:

  1. Criação de uma política pública para economia solidária no Espírito Santo que enfatize a implantação de serviços permanentes e de qualidade, de apoio técnico e financeiro para empreendimentos e iniciativas produtivas. Ao tratar a demanda com uma política pública, assume-se a economia solidária como uma estratégia de desenvolvimento social e inclusão socioprodutiva;
  2. Inclusão do estudo da economia solidária nos currículos escolares e difusão do conceito para toda a sociedade;
  3. Implantação de um fundo para o desenvolvimento e expansão dos bancos comunitários de desenvolvimento, fundos rotativos solidários – como estratégias para fortalecer as economias locais, gerando trabalho e renda a partir de uma perspectiva de igualdade social;
  4. Criação de uma política pública para planejamento e gestão participativa do desenvolvimento local endógeno e sustentável dos territórios e comunidades do estado;
  5. Estabelecer canais abertos para o diálogo entre governo e sociedade, estimulando a interação com os atores sociais estratégicos e com as comunidades – em um modelo de gestão participativa e democrática, marcada pela transparência;
  6. Investir na formação de jovens e estimular a sua participação nos processos decisórios em nível local (governança) – educação para cidadania.

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