A experiência da Associação Ateliê de Ideias como agência de desenvolvimento local foi apresentada por nossa diretora/presidente Leonora Mol no Colóquio Internacional “Recursos na luta contra a pobreza: entre controle social e reconhecimento social”, promovido pela Universidade Estadual de Montes Claros em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, de Portugal, e a Universidade de Fribourg, da Suíça, entre os dias 26 e 28 de agosto.
Leonora foi conferencista nos dia 27 e 28 e atuou como uma das facilitadoras da Mesa Redonda sobre Economia Solidária. A prática do Ateliê de Ideias foi apresentada para cerca de 200 participantes.
No momento do debate houve grande interesse do público em conhecer um pouco mais sobre o Planejamento Estratégico Comunitário - Plano Bem Maior do Território do Bem, e sobre o funcionamento do banco comunitário, gerido pelo Ateliê, Banco Bem. Sobre o Plano Bem Maior, que está impresso numa cartilha com o Planejamento Estratégico para os próximos oito anos, feito para direcionar o desenvolvimento comunitário da região onde a Associação atua, Leonora explicou que ele beneficiará aproximadamente 31 mil moradores do Território do Bem.
Entre os objetivos do Plano Bem Maior do Território do Bem está o de ampliar o envolvimento dos moradores no Fórum comunitário - Fórum Bem Maior -, com o intuito de apoiar as demandas que promovam a cultura da paz e a geração de trabalho e renda, além de fomentar a responsabilidade socioambiental, com foco na coleta de material reciclado.
Para elaborar o Planejamento Estratégico, os moradores, com assessoria do Ateliê de Ideias, fizeram a pesquisa: Saberes, Fazeres e Perfil dos Moradores do Território do Bem. A pesquisa foi realizada entre 2007 e 2008, em 884 domicílios do total de 5.276 residências do Território do Bem. Os resultados demonstram que pelo menos 80,3% das famílias possuem baixa renda. Desse total, 21,9% têm renda menor que um salário mínimo, 43,9% possuem renda de
Segundo Leonora, com o resultado da pesquisa foi possível elaborar o Planejamento Estratégico: “O resultado da pesquisa serviu de subsídio para a elaboração do Planejamento Estratégico que consolidou o Plano Bem Maior do Território do Bem.
“O mais gratificante foi ver a participação democrática e o interesse dos moradores do Território do Bem em desenvolver a pesquisa e construir o Planejamento Estratégico Comunitário. Observou-se a troca de experiência, de informações, na qual foram identificadas necessidades comuns aos oito bairros que compõem o Território do Bem”, enfatizou Leonora.
Em relação ao banco comunitário, gerido pelo Ateliê de Ideias, Banco Bem, nossa diretora/presidente ressaltou que o banco oferece serviços financeiros solidários, destinados a reorganizar as finanças locais, na perspectiva da economia solidária.
Além de destacar as três linhas de créditos oferecidas pelo banco (Crédito Produtivo, Habitacional e de Consumo), Leonora disse que o Banco Bem colabora com a organização comunitária, com o aquecimento da economia local com a circulação da moeda social e estimula a criação de espaços coletivos, já que para o morador ter acesso ao crédito o que influencia não é o SPC ou a Serasa, e sim a vizinhança, que vai dizer sobre a honestidade e idoneidade do tomador de crédito.
“A comunidade cria os critérios do Banco, seguindo as orientações da Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Assim, a comunidade e a equipe do Banco decidem juntos sobre a aprovação do crédito. O crédito é concedido tendo em vista o desenvolvimento local”, explicou Leonora.
Para Leonora o Banco Bem se tornou um divisor de águas na região, já que foi criado por um conjunto de moradores, o que deu origem a discussões e reflexões no seio das oito comunidades. O Banco Bem ampliou o acesso das pessoas ao crédito e deu a oportunidades. Com o crédito Produtivo os moradores têm condições de abrirem ou reformarem seu próprio negócio, aumentarem sua renda e gerarem mais emprego; o credito Habitacional veio garantir o acesso a moradia digna, enquanto Direito Humano; já o crédito de Consumo oferece a possibilidade dos moradores sanarem suas necessidades mais imediatas e urgentes, como a compra de alimentos, gás e remédios.
“Depois da implantação do Banco Bem, o que identificamos foi que os moradores aproveitaram mais suas vocações para transformar as oportunidades em desenvolvimento e adquirir maior capacidade e autonomia para pensar em problemas ainda não identificados e idealizar soluções para enfrentá-los”, concluiu Leonora.
O Colóquio Internacional “Recursos na luta contra a pobreza: entre controle social e reconhecimento social” contou com a participação de conferencistas de Portugal, Bélgica, Suíça, França, Espanha e Argentina, além de pesquisadores de universidades brasileiras, com o principal objetivo de reunir informações e construir conhecimento sobre orientações e medidas de combate à pobreza, além de verificar experiências de apropriação das políticas públicas.
Em sua apresentação, Leonora explicou também a missão do Ateliê e que, para o desenvolvimento das ações, a Associação divide-se em três núcleos: Núcleo de Finanças Solidárias Núcleo de Desenvolvimento Comunitário e Núcleo Habitacional.
Sobre essa divisão, e como os projetos se organizam, falaremos em matérias mais adiante. Aguardem e conheçam mais sobre o nosso Ateliê.
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